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sábado, 31 de dezembro de 2011

Reinventar a vida

   
   Finda o ano, inicia-se o novo. No íntimo, o propósito: daqui pra frente, tudo vai ser diferente. Começar de novo. Será? Haveremos de escapar do vaticínio do verso de Fernando Pessoa, “fui o que não sou”? 
   Atribui-se a Gandhi esta lista dos sete pecados sociais: 1) Prazeres sem escrúpulos; 2) Riqueza sem trabalho; 3) Comércio sem moral; 4) Conhecimento sem sabedoria; 5) Ciência sem humanismo; 6) Política sem idealismo; 7) Religião sem amor.
   E agora, José? No mundo em que vivemos, quanta esbórnia, corrupção, nepotismo, ciência e tecnologia para fins bélicos, práticas religiosas fundamentalistas, arrogantes e extorsivas! 
   Os ídolos atuais, que pautam o comportamento coletivo, quase nada têm do altruísmo dos mestres espirituais, dos revolucionários sociais, do humanismo de cientistas como os dois Albert – o Einstein e o Schweitzer. Hoje, predominam as celebridades do cinema e da TV, as cantoras exóticas, os desportistas biliardários, a sugerir que a felicidade resulta de fama, riqueza e beleza.
   Impossibilitada de sair de si, de quebrar seu egocentrismo (por falta de paradigmas), uma parcela da juventude se afunda nas drogas, na busca virtual de um esplendor que a realidade não lhe oferece. São crianças e jovens deseducados para a solidariedade, a compaixão, o respeito aos mais pobres. Uma geração desprovida de utopia e sonhos libertários. 
   A australiana Bronnie Ware trabalhou com doentes terminais. A partir do que viu e ouviu, elencou os cinco principais arrependimentos de pessoas moribundas:
1) Gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida verdadeira para mim, e não a que os outros esperavam de mim. No entardecer da vida, podemos olhar para trás e verificar quantos sonhos não se transformaram em realidade! Porque não tivemos coragem de romper amarras, quebrar algemas, nos impor disciplina, abraçar o que nos faz feliz, e não o que melhora a nossa foto aos olhos alheios. Trocamos a felicidade da pessoa pelo prestígio da função. E muitos se dão conta de que, na vida, tomaram a estrada errada quando ela finda. Já não há mais tempo para abraçar alternativas.
2) Gostaria de não ter trabalhado tanto. Eis o arrependimento de não ter dedicado mais tempo à família, aos filhos, aos amigos. Tempo para lazer, meditar, praticar esportes. A vida, tão breve, foi consumida no afã de ganhar dinheiro, e não de imprimir a ela melhor qualidade. E nesse mundo de equipamentos que nos deixam conectados dia e noite somos permanentemente sugados; fazemos reuniões pelo celular até quando dirigimos carro; lidamos com o computador como se ele fosse um ímã eletrônico do qual é impossível se afastar.
3) Gostaria de ter tido a oportunidade de expressar meus sentimentos. Quantas vezes falamos mal da vida alheia e calamos elogios! Adiamos para amanhã, depois de amanhã. O momento de manifestar o nosso carinho àquela pessoa, reunir os amigos para celebrar a amizade, pedir perdão a quem ofendemos e reparar injustiças. Adoecemos macerados por ressentimentos, amarguras, desejo de vingança. E para ficar bem com os outros, deixamos de expressar o que realmente sentimos e pensamos. Aos poucos, o cupim do desencanto nos corrói por dentro.
4) Gostaria de ter tido mais contato com meus amigos. Amizades são raras. No entanto, nem sempre sabemos cultivá-las. Preferimos a companhia de quem nos dá prestígio ou facilita o nosso alpinismo social. Desdenhamos os verdadeiros amigos, muitos de condição inferior à nossa. Em fase terminal, quando mais se precisa de afeto, a quem chamar? Quem nos visita no hospital, além dos que se ligam a nós por laços de sangue e, muitas vezes, o fazem por obrigação, não por afeição? Na cultura neoliberal, moribundos são descartáveis e a morte é fracasso. E não se busca a companhia de fracassado.
5) Gostaria de ter tido a coragem de me dar o direito de ser feliz. Ser feliz é uma questão de escolha. Mas, vamos adiando nossas escolhas, como se fossemos viver 300 ou 500 anos. Ou esperamos que alguém ou uma determinada ocupação ou promoção nos faça feliz. Como se a nossa felicidade estivesse sempre no futuro, e não aqui e agora, ao nosso alcance, desde que ousemos virar a página de nossa existência e abraçarmos algo muito simples: fazer o que gostamos e gostar do que fazemos.
 Frei Betto
Escritor, autor de A arte de semear estrelas (Rocco), entre outros livros
Fonte: http://homologodia.ig.com.br/cmlink/portal/opiniao/andrea-dal-maso-trabalho-relacionamentos-e-desafios-1.388602

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

FORMATURA 2011

DISCURSO PARANINFAL - Profª  Kátia (1901)
      Bom dia Corpo Docente, Discente, Amigos, Parentes e Formandos!!
    Neste momento tão significativo, seria bom refletirmos sobre nossas vidas: o que buscamos? Para que estudarmos? Por que fazemos trabalhos escolares estafantes ou avaliações, às vezes, questionáveis? Enfim, por que devemos percorrer os caminhos da aprendizagem?
  Reflitamos: conseguiríamos viver sem essa, digamos, torturante, vida escolar? (...) seus sorrisos lhes traem. Devo crer impossível! O ser humano nasceu para aprimorar-se. Não bastam apenas os ensinamentos ditados pela família, queremos mais... E se queremos mais, meus caros, é porque temos uma vida interior muito rica e que precisa da água redentora da educação. É um somatório de forças. Essa água é a que move as pás do moinho de seus pensamentos, sensações, certezas e esperanças.
  Uma das grandes, senão a maior característica da juventude é a curiosidade intelectual que impulsiona vocês a descobrirem-se e ao mundo a sua volta. Nesta etapa da vida estudantil, devem-se observar as profissões mais promissoras, mas, para que sua escolha seja definitiva, a orientação de todos nós, os chatos... pais, mestres e direção é preponderante, embora todos devamos ter a compreensão necessária e a paciência madura de também ouvi-los em seus anseios e sonhos...
     Se há uma coisa legal da idade de vocês é o sonhar.
   Se há uma coisa que gosto em mim é sempre me perguntar ‘o que vou ser quando crescer? Eu me pergunto isso ainda. Acho que quando eu parar de perguntar, minha vida se vai. Nunca deixem de fazer isso, de pensar no futuro, de sonhar.
    Com essa turma, eu e meus colegas aqui presentes,  passamos juntos um bom período de trabalho. Foram anos seguidos, ou seja, quase um terço da vida de vocês, bastante tempo.
   Quero aproveitar e dizer, então, que assim como o marceneiro pisa em cima de serragens e o vidraceiro trabalha com pedaços de vidro, o educador mexe com as almas. É assim que eu e todos os outros professores dessa escola sempre enxergamos vocês. Nunca como um número ou como um dado estatístico, mas sim como uma alma a quem se deve tratar com respeito, mostrando um caminho para que vocês possam fazer as escolhas certas, pois viver corretamente implica em ter atitudes conseqüentes no que se refere ao individual, ao familiar, ao comunitário e ao universal.
    Quatro anos juntos me permitem dizer hoje que conheço um pouco de cada um de vocês; alguns com mais propriedade. Lembrarei de vocês como um grupo extremamente unido e criativo. Há entre vocês alguns menos curiosos pelo conhecimento, ainda. Outros, muitos curiosos por novos e constantes desafios diante dos quais nos esforçamos sempre para colocá-los em todas as áreas do conhecimento. Levo comigo muitas lembranças de trabalho, de contos, de piadas, de alguns momentos alegres e algumas broncas, pero no muchas. Tenho certeza que todos deixam no Ensino Fundamental uma marca. Alguns, verdadeiras pegadas, porém, todos uma lembrança. Acima de tudo, tenho a certeza que a chama do amor e amizade tocou cada alma aqui presente. Alguns de vocês ainda não perceberam isso ao certo, mas sei que um dia perceberão que ela arde dentro de seus corações.
Queridos alunos, vocês acabaram uma importante etapa da vida escolar e novos caminhos virão pela frente. Mas lembrem-se do seguinte: vocês deverão zelar pelo bom nome de cada um de vocês e ter a coragem de assumir novos desafios. Trilhem por seus próprios caminhos, almejem o topo e arrisquem, acreditem e invistam nos seus sonhos e nunca deixem de ser felizes. Desejo que seus caminhos sejam iluminados e repletos de belas melodias.
Sonhos não foram feitos apenas para serem sonhados, mas para serem vividos e também realizados.”Marcella Nicolini Furtado
“Se lutarmos todos os dias para realizar nossos sonhos, não sobrará tempo para pensar em derrota.”Paola Rhoden
Sonhamos e desejamos a cada um de vocês o maior sucesso no Ensino Médio, mas, em especial, na Vida. Que sejam mulheres e homens valorosos e bondosos para que seus pais, aqui presentes, e todos a sua volta, possam ficar sempre orgulhosos pela contribuição que cada um de vocês fará, com certeza, para este país e também para este mundo em transformação. Muito obrigado e, novamente, o maior sucesso para vocês!

DISCURSO DA ORADORA - Luana da Silva (1901) 
    É incrível como o tempo passou, meu deus já estamos aqui... Olho ao redor e vejo o quanto crescemos, aprendemos a ser uma família grande e juntos suprimos uns aos outros. Auxiliamos nas dúvidas e criticamos quando foi preciso... Ontem os que era colegas, hoje são grandes amigos!
   Amigos de sala, de mesa, amigos de todas as horas! Tanto nós alunos quando vocês professores sabem e mesmo que alguém negue, que um sentimento de carinho marcou cada um de nós com uma lembrança que ficará presa em nosso coração. Nossa memória algum dia ainda nos trará nostalgia dessa época de magia que a oitava série nos proporcionou.
   Vocês professores estiveram presentes em toda evolução por nós exercidas! Mas não é que conseguimos mesmo? Não são vocês que devem sentir orgulho de nós, somos nós que devemos sentir orgulho de vocês! E mesmo que alguns por receio ou vergonha venha nos contradizer, vocês são mais do que professores.
   Deixaram de ser simples pessoas, e passaram a fazer parte da nossa história, que por mais que se alongue jamais perderá tais personagens. Obrigado a todos vocês professores, ou devo dizer, amigos, que é a visão que temos de todos vocês.
   Nesses anos em que convivemos, uma amizade forte e sincera se instalou dentro de nós, tornando-nos mais humanos e mostrando-nos o significado da palavra amizade em sua amplitude. Construímos vínculos de amizade não só com nossos colegas de aula, mas com as demais pessoas que trabalham na escola, desde a cozinha até a diretoria, o que a transformou em nosso segundo lar.
   Não posso deixar de falar da nossa turma, hehe, dos alunos do fundão, que são os que dão mais trabalhos aos professores, dos mais reservados, que com seu jeitinho, se aproximaram devagar, e foram conquistando nossa amizade, dos mais descontraídos que sempre participam de tudo e estão sempre dispostos a uma conversa, e por ultimo os “cdf’s” que sempre se dedicam a estudar, e sempre são os mais quietos, porém sempre descobrimos ser uma pessoa e tanto.
   Muitas pessoas apareceram em nossas vidas, e algumas assim como vieram, também se foram, deixando uma grande saudade e também boas memórias... Afinal... Por que tudo que vem, também tem que ir?
   Sempre vamos nos lembrar dos momentos em que passamos juntos, das risadas, das lágrimas, das brincadeiras, das colas... Hehe e até mesmo dos desentendimentos.
   Nosso coração hoje se enche de tristeza, pois sabemos que esses dias jamais se repetirão, eles se tornarão únicos, incomparáveis... Inesquecíveis. Mas devemos nos alegrar, pois foi mais uma etapa de nossa vida que superamos, e uma nova que começa, ainda mais bela e grandiosa.  Pois ao contrário do que pensamos, meus amigos, não é o fim, é apenas o começo. O começo de um longo caminho.
   Uma vez eu li um poema de Fernando pessoa que dizia “o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. “Retrata bem o importante momento pelo qual estamos passando.
    Intenso, inexplicável, incomparável. Assim foi o tempo em que passamos juntos. Um período no qual descobrimos o mundo: estudamos, brincamos, aprendemos. Sorrimos... Momentos esses que permanecerão em nossas vidas, como uma marca muito agradável em nossos corações. Cativamos e fomos cativados.
   Obrigada, pais, professores, funcionários, amigos, alunos, e principalmente a deus, por nos permitir estar aqui hoje. Não diremos adeus, e sim um “ até breve”. 

 DISCURSO PARANINFAL - Profº Roberto  (1902)

 
Prezada diretora Érica. Prezados docentes, discentes, familiares, amigos, e meus amados e inesquecíveis afilhados, bom dia.

Foi um motivo de grande alegria ter recebido um e-mail da professora Kátia no dia 19 de julho, onde ela dizia que eu fui escolhido como paraninfo da turma 1902. E por ser o meu primeiro ano como professor de matemática de uma turma de 9º ano e ser a primeira vez que sou homenageado, vocês já tornaram este dia inesquecível para mim.

E a surpresa foi maior porque a afinidade com esta turma não surgiu nos primeiros dias, pelo contrário, existia uma certa apatia e até deboche por parte de alguns alunos, o que gerava uma antipatia de minha parte. Lembro-me das piadinhas de mau gosto no início do ano, alunos conversando enquanto eu tentava explicar, até cantar músicas nas minhas  aulas, cantaram. No entanto, eu tinha duas opções: afirmar que o fracasso da turma era o resultado da falta de interesse ou tentar conquistar o carinho, o respeito e a atenção de vocês. E eu escolhi a segunda opção. E com a mudança da minha postura eu pude vislumbrar a diferença do comportamento de vocês. Não existia mais deboche, vocês estavam preocupados em aprender. Não existia mais piadinhas de mau gosto, mas eram brincadeiras onde ríamos juntos. Não existia mais antipatia, mas eu deixava até de almoçar, fazia um lanche, pra não chegar tão atrasado, depois que roubaram o meu carro. Fiz questão de vir na festa de 15 anos da aluna Karina com a minha esposa e vi o semblante de surpresa e ao mesmo tempo de admiração de vocês.

Agradeço a Deus pelo privilégio de ter sido seu professor. E espero que a lição que aprendi com vocês, seja levada para as próximas etapas de suas vidas. Não desistam diante do primeiro obstáculo, ainda que uma situação não se inicie da maneira desejada, vocês são responsáveis por fazê-la mudar. Nem sempre vocês conseguirão, mas se vocês não tentarem, nunca sentirão o gosto da vitória. Que vocês não considerem que terminaram o Ensino Fundamental. Mas iniciaram o Ensino Médio. E assim, por diante. Porque uma carreira de sucesso é feita de sucessivos recomeços. Vocês não estão terminando, vocês estão recomeçando.

“Conta-se que um fazendeiro, que lutava com muita dificuldades, possuía alguns cavalos em sua fazenda.
 Um dia, o capataz lhe trouxe a notícia de que um de seus cavalos havia caído em um poço muito fundo e seria difícil tirar o animal de lá. Avaliando a situação o fazendeiro chamou o capataz e ordenou que sacrificasse o animal soterrando-o ali mesmo. O capataz e seus auxiliares começaram a jogar terra, no entanto, a medida que a terra caía sobre seu dorso, o cavalo se sacudia e a derrubava no chão e pisava sobre ela. Logo, os  homens perceberam que o animal não se deixava soterrar, mas, ao contrário, estava subindo à medida que a terra caía, até que, finalmente conseguiu sair..”

Meus queridos afilhados, não desistam diante das dificuldades.

Parabéns! Que esse seja o início de uma jornada vitoriosa.  Muito obrigado.