Pós-doutores em ciências da computação já dão conta da existência de chips que podem ser implantados no cérebro de uma criança ao nascer, permitindo que milhares de informações sejam transferidas, poupando a pesquisa para encontrá-las. Estamos muito próximos de um ciborg e de pessoas que, ao nascer, tenham muitas informações além do sugar e segurar com a mão.
O grande impacto causado pelos chips é marcadamente ético. Que tipo de informação deve ser implantado? Que informações morais e religiosas seriam admitidas pelas famílias? Quais informações sobre a política e a história humana e sob qual modelo de interpretação estariam submetidos os dados, agora transplantados para a mente de um recém-nascido?
Para uma escola centrada na informação, a maioria das aulas não precisaria existir. Já quanto à capacidade de análise e à assimilação do conhecimento, não só os colégios precisam continuar a desenvolver um papel modernizado, como também as aulas exigirão rumos bem diferentes. A consciência educativa nestes tempos de mudanças e novidades impactantes não poderá distanciar-se da complexidade afetiva e, portanto, falar ao coração das pessoas continuará a ser um desafio para os educadores. Esta é a fronteira entre o ciborg e o humano e nela precisamos de um educador que sinta as pessoas.
Mesmo conseguindo chegar ao limiar de um ciborg diante do acúmulo de informações, estamos distantes do ser humano ideal configurado, sobretudo, em sua vida afetiva. Por mais informações atualizadas, por mais tecnologias avançadas, o mais antigo e sublime ainda permanece: a educação da afetividade. Para tanto, as escolas e os mestres precisam cultuar a capacidade de sentir as pessoas para que, no decorrer deste século de inovações, não venhamos a treinar monstrinhos, deixando de lado um cidadão humano e afetivamente equilibrado.
Hamilton Werneck
Pedagogo, Escritor e Conferencista
Fonte: http://homologodia.ig.com.br/cmlink/portal/opiniao/hamilton-werneck-educar-ainda-
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