Hoje, no Brasil, não garantimos o direito de todos os jovens à  aprendizagem. O movimento Todos Pela Educação, que monitora o  desenvolvimento do ensino, divulgou que quase 4 milhões de estudantes,  de 4 a 17 anos, estão fora da escola. Para agravar esta realidade,  pesquisa do Datafolha indica a escolaridade como principal fator de  distinção das classes sociais, mais do que a posse de bens de consumo e a  renda. 
   Somos submetidos à síndrome de que os problemas do ensino só se  resolvem com reformas e novas leis de diretrizes para a educação. A  legislação é modificada a cada 10 anos, mas a escola e sua  infraestrutura de apoio não se alteram. É a panaceia pedagógica que  atinge a ridícula e onerosa pantomima educacional, como o projeto Um  Computador por Aluno, do governo Lula, praticamente abandonado. O  desenho do projeto subestimou as dificuldades de apropriação da  tecnologia pelos professores em comunidades carentes.
   Os jovens abandonam os estudos, pois a escola é vista como  desinteressante, sem conexão com o mundo real e o mercado de trabalho.  Há um esforço significativo por parte das famílias para que as crianças  se mantenham estudando, mas a péssima qualidade da escola é que impede,  através da repetência e do êxodo, a universalização da educação  fundamental.
   Os professores não têm a profissão socialmente valorizada, sobrevivem  com salários ridículos e sistema de carreira desorganizado. O  magistério conta também com professores leigos, que ultrapassa a mais de  250 mil, vítimas da má formação no Ensino Fundamental, o que leva a  população escolar da 1ª série ao baixo rendimento e à repetência. É  preocupante quando planejadores educacionais adotam medidas baseando-se  em estatísticas de escala nacional, sem o cuidado de verificar que  muitas são tendenciosas e afetadas por dados obtidos em áreas rurais e  pobres. Enfim, precisamos de propostas pedagógicas concretas, sem  enrolação.
Carlos Alberto Rabaça, Sociólogo e Professor 
Fonte: Jornal O DIA, de 28/02/12,   http://odia.ig.com.br/portal/opiniao/giancarlo-rubio-p%C3%A1ginas-amarelas-1.414851
