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domingo, 29 de maio de 2011

Quatro Segundos

Professor Toninho
Quatro segundos. A parábola é uma curva que representa, no plano cartesiano, a função do 2o grau. Os desenhos, feitos no papel quadriculado, costumam despertar interesse. Não nele. Nele nada parecia despertar interesse. Mal cabia na carteira. O desconforto evidente aliado ao desinteresse. O que fazer?
Três segundos. Um texto pode ser escrito como uma parábola, quando usamos imagens conhecidas para expor uma ideia, um ensinamento. Normalmente, citamos as parábolas que Cristo usava para transmitir ao povo mensagens de amor. Muitos, a partir desse exemplo, recordavam de outros. Ele não. Nada na lembrança, parecia sempre distante. Fazer o quê?

Dois segundos. Os movimentos são retilíneos. curvilíneos, acelerados, retardados. A velocidade e a aceleração são noções básicas no cotidiano de todos nós. A Física é a ciência mais nobre, pois estuda os fenómenos da Natureza. Experiências simples, muito mais de observação e rápida constatação, encantavam a alguns. Nada o encantava, não queria nada.
"Pensei numa coisa. Veja se você topa? Você não aprendeu nada de matéria alguma e no ano letivo já está quase no final, certo? Você gosta de jogar basquete, não é? E o seguinte: procure um clube, uma escolinha, uma quadra que seja. Me convença que você pode levar a sério o basquete e eu te aprovo. Claro, mesmo sem você saber nada ou quase. O seu melhor amigo treina numa escolinha, perto daqui, vá com ele. Traga um comprovante de que você está frequentando os treinos. Basta isso.e tem mais: me comprometo a tentar com todos os meus colegas uma chance para você. Um detalhe: chega de faltar por bobeira e pelo menos, copie as matérias do quadro. Fechado?"
Final   do ano letivo. Aprovado.

Um segundo. Ginásio lotado. Na arquibancada, os antigos professores. O Flamengo perde por dois pontos, mais ainda existe tempo para um último ataque. O basquete é um jogo muito rápido, muito dinâmico. Em volta do técnico, os jogadores estão tensos, atenção redobrada. A jogada está sendo preparada. A bola virá do armador (aquele, o melhor amigo) para as mãos dele, para um arremesso da linha de três. Lance decisivo. A torcida adversária canta em comemoração ao título tão próximo, tão provável. Ao coro dos vencedores antecipados, eu e o professor de Educação Física juntamos nossas vozes. A jogada foi perfeita. Do armador, o passe saiu rápido. O arremesso, da linha de três, decisivo, foi executado com precisão de movimentos. A bola descreveu uma parábola inacreditável e caiu na cesta. Flamengo campeão. Um ponto de vantagem. Delírio no ginásio.

Abraçados, o armador e o pivô caminham em nossa direção. Algumas das antigas professores choram de emoção. A dupla recebe os merecidos cumprimentos de todos, antigos professores orgulhosos. Beijos e abraços, carinhosos e agradecidos. O gigante vem na minha direção, com a camisa suada nas mãos. O presente que havia prometido naquela conversa, ao final do ano letivo. Antes do abraço, ainda tenho tempo para uma pergunta: "Precisava ser contra o Vasco?" O gigante ri.

A torcida canta um antigo sucesso do Rappa. " Valeu a pena, ê, ê. Valeu a pena." Pois é, valeu.

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